No Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla, aludido nesta quarta-feira (30), o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) traz informações importantes referentes a doença inflamatória que atinge o cérebro e a medula espinhal de aproximadamente 40 mil brasileiros, conforme estima a ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla).
Para conscientizar a população sobre a Esclerose Múltipla, neste mês que também marca pelo Agosto Laranja – também de conscientização sobre a doença, a coordenadora do Ambulatório de Doenças Desmielinizantes do HRMS, drª Kenia Adila Rodrigues Curvelo Muassab, fala sobre causas, sintomas, diagnóstico, tratamentos que diminuem a inflamação e a atividade da doença, e a possibilidade do paciente parar em uma cadeira de rodas. Confira:
O que é a Esclerose Múltipla (EM)?
Drª Kenia Adila Rodrigues Curvelo Muassab – A EM é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, que inclui o cérebro e a medula espinhal. Na EM o sistema imunológico do corpo, que em situações normais protege nosso organismo contra microorganismos que causam infeções, começa a atacar erroneamente a mielina. A mielina é uma estrutura que envolve os neurônios e tem a função de ajudar a transmissão dos sinais elétricos e a comunicação entre os neurônios. Todas as doenças que comprometem a mielina são chamadas de desmielinizantes e a EM é uma delas.
Quais pessoas são suscetíveis a essa doença?
Drª Kenia Adila Rodrigues Curvelo Muassab – A EM pode afetar pessoas de todas as partes do mundo e de qualquer faixa etária, sendo mais frequente nos adultos jovens, e neste grupo de pessoas é considerada a principal causa de sequelas neurológicas não traumáticas. As mulheres geralmente são mais frequentemente afetadas. A EM atinge entre de 1,36 a 27,2 pessoas para cada 100.000 habitantes no Brasil.
O que causa a EM?
Drª Kenia Adila Rodrigues Curvelo Muassab – Os estudos apontam que a EM tenha uma causa multifatorial, sendo que vários fatores são importantes para o desenvolvimento da doença, entre eles fatores genéticos e ambientais:
- Os fatores genéticos do indivíduo;
- Infecções pelo vírus Epstein-Baar (por exemplo, a mononucleose infecciosa) dobram a chance do indivíduo desenvolver a EM;
- Baixa exposição solar pelos raios ultravioleta B, redução das atividades ao ar livre, com consequente redução da produção de vitamina D;
- Baixa ingestão de vitamina D;
- Obesidade na infância e adolescência;
- O tabagismo aumenta o risco de EM em aproximadamente 50%.
Quais são os sintomas da EM?
Drª Kenia Adila Rodrigues Curvelo Muassab – Os sintomas da EM são muito variáveis de pessoa para pessoa, dependendo da região do cérebro ou da medula espinhal que foi afetada. Entre os sintomas mais comuns estão: fraqueza muscular, perda da coordenação motora, perda do equilíbrio, vertigem, formigamentos, dormência ou anestesia de partes do corpo, perda visual, alterações no funcionamento da bexiga e do intestino, fadiga intensa e comprometimento cognitivo, como memória e concentração.
No início da doença os sintomas podem aparecer na forma de surtos, ao longo de horas a dias e geralmente duram várias semanas, com melhora gradual e progressiva. Nem sempre os surtos melhoram completamente podendo ocorrer sequelas neurológicas.
Com o passar dos anos, a EM pode evoluir com sintomas persistentes e progressivos, e se tornando cada vez mais incapacitante. Na maioria dos pacientes que não recebem o diagnóstico e tratamento adequado, isso acontece após 10 a 15 anos após o início da doença.
Como é feito o diagnóstico da EM?
Drª Kenia Adila Rodrigues Curvelo Muassab – O diagnóstico da EM é feito pelo Neurologista, através da investigação dos sintomas do paciente, do exame neurológico e de exames específicos de sangue, líquor e ressonância magnética de crânio e da medula espinhal.
A EM tem cura? Tem tratamento?
Drª Kenia Adila Rodrigues Curvelo Muassab – Infelizmente ainda não há um tratamento que cure a EM. Mas atualmente há inúmeros tratamentos que diminuem a inflamação e a atividade da doença.
O tratamento específico da EM deve ser iniciado precocemente após a confirmação diagnóstica e tem o objetivo de prevenir a incapacidade neurológica a longo prazo com a utilização de imunossupressores, imunomoduladores e com terapias de reconstituição imunológica. Muitos desses tratamentos são disponibilizados pelo SUS. Os tratamentos específicos modificam a evolução da doença e são capazes de manter os pacientes longe das sequelas neurológicas.
Outros tratamentos não específicos são utilizados para aliviar os sintomas causados pelas lesões neurológicas e podem ser medicamentosos ou terapias físicas e cognitivas, melhorando muito a qualidade de vida dos pacientes.
Assessoria de Comunicação HRMS