Com novos equipamentos, setor de endoscopia do Hospital Regional da Capital amplia e melhora atendimento a pacientes.
Serviço de referência, 100% público e o maior de Mato Grosso do Sul. Esse é o setor de endoscopia do Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS). Com uma média de 500 exames por mês, os tratamentos realizados por uma equipe de profissionais do mais alto gabarito passaram do diagnóstico a atendimentos terapêuticos, realizando procedimentos que antes só eram possíveis dentro de centro cirúrgicos.
A gerente do setor de endoscopia do Hospital, Rozicleide Nogueira Militão, conta que há cerca de um ano todo o setor foi reestruturado, com aquisição de equipamentos modernos. Segundo ela, antes eram feitos 300 exames contra 500 atuais. Para acompanhar o crescimento exponencial, o quadro de funcionários e médicos aumentou bastante. Hoje os pacientes do HR são dois tipos de público.
“Um que vem pelo Sistema de Regulação, em que o paciente vai a uma unidade de saúde em qualquer lugar do Estado e o médico encaminha. Mas aqui no HRMS vem os pacientes mais complexos, ou aqueles que os outros hospitais como Santa Casa e Universitário não tem condições de atender, como crianças, obesos, idosos. Crianças inclusive, só o HR atende pela rede pública. Outro público é interno: paciente que estava internado aqui por uma pneumonia, por exemplo, e apresentou quadro de constipação com diarreia intensa ou outro problema. O médico avalia e se não for urgência dá alta e pede para passar no ambulatório e ele faz o exame aqui”, explica.
Sobre os custos, Rozicleide diz que a endoscopia é hoje um dos setores de mais alto investimento por parte do Governo de Mato Grosso do Sul. Só de material, sem contar recursos humanos como anestesista, técnico de enfermagem, custos da instalação – água e luz – só de acessórios que são utilizados, gasta-se por paciente uma média de R$ 5 mil para tirar uma pedrinha do colérico ou pedra nos rins (como é popularmente conhecida), por exemplo.
“Os equipamentos são investimentos altos. A torre que faz a endoscopia com ultrassom custa quase R$ 1 milhão. As outras torres completas, com aparelhos, custam em torno de R$ 500 mil. Então, o setor de endoscopia é um investimento bastante alto que o governo faz para atender a população cada vez melhor. Para se ter uma ideia, a Santa Casa, que é um hospital três vezes maior que o nosso não tem os recursos que nós temos. Esses tempos nossa equipe foi a uma reunião com a Secretaria de Saúde do Município, da qual participaram todos os hospitais, e descobrimos que estamos anos luz na frente deles. Ficamos muito contentes porque trabalhamos muito para fazer do HR referência em qualidade de atendimento”, declarou a gerente.
Do diagnóstico à terapêutica
A endoscopia realizada no Hospital Regional passou do lugar comum de diagnóstico para terapêutica, fazendo o tratamento do paciente. A gerente conta que antigamente a endoscopia era utilizada para ver se tinha uma úlcera, uma gastrite. Hoje muitos problemas são resolvidos. Um paciente, com uma lesão no estômago, que vai virar um câncer, por exemplo, pode ter a alteração removida. Uma variz esofagiana que está de grosso calibre e vai estourar, causando risco de vida ao paciente, recebe a ligadura elástica. Ou ainda, um paciente de quimioterapia que não consegue comer, porque bloqueou o esôfago, tem o esôfago dilatado abrindo por via endoscópica.
“É uma área da ciência médica que evoluiu muito, cresceu bastante nos últimos anos. Os aparelhos têm sempre novas tecnologias, novas funções. O tratamento que oferecemos aqui é uma terapêutica que nenhum hospital público em MS tem, só o Regional. Os casos graves vêm para cá justamente por conta da gama de procedimentos que só nós fazemos. O ultrassom endoscópico, por exemplo, custa quase R$ 1 milhão. Ele consegue fazer diagnóstico de lesão precoce de câncer. Antigamente a lesão evoluía, virava um tumor, o paciente começava apresentar sintomas como vômito, náuseas, sintomas de anormalidade. Fazia endoscopia e diagnosticava o tumor. Hoje é possível fazer antes de o tumor aparecer. Onde tem uma pequena alteração da mucosa, já é possível fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento”, revela.
Conforme a gerente, o aparelho de endoscopia com ultrassom consegue olhar as cavidades e os órgãos adjacentes ao mesmo tempo. Com ele não é preciso mandar o paciente fazer outros exames, como ressonância e ultrassom. “Já descobrimos, colhemos a biopsia, mandamos para o laboratório para fazer a rastreabilidade e ver se é benigno. Se for o caso já iniciamos o tratamento. Por exemplo, câncer de pâncreas só detecta quando está em estado avançado. O paciente não tem sintomatologia. São poucos meses de vida. Com esse exame conseguimos detectar se há alguma anormalidade antes de chegar no estágio avançado. É um ganho muito grande na qualidade de vida das pessoas”, declarou.
O exame de colonoscopia também trabalha a prevenção de câncer no HRMS. “Se no exame identificamos um pólipo – que é o crescimento anormal da mucosa como se fosse uma bolinha – podemos retirá-lo antes que cresça e se transforme em um tumor. Eu mesmo fiz a retirada de um pólipo graças a prevenção. Não fosse isso, certamente não estaria aqui hoje. Nosso serviço cresceu bastante e nós temos muito orgulho do trabalho que estamos desenvolvendo aqui”, pontuou.
Cirurgia endoscópica e qualidade de vida
Outro ganho para os pacientes que passa pelo tratamento oferecido pelo Governo do Estado é por meio da cirurgia endoscópica. A gerente explica que, antigamente, quando o paciente tinha a vesícula cheia de pedra, por exemplo, uma pedrinha que descia e obstruía o canal já era preciso enviar a pessoa ao centro cirúrgico, abrir o paciente e retirar a pedra. A cura se dava por uma cirurgia extremamente invasiva e complicada. Mas hoje isso tudo mudou.
Entre os casos, Rozicleide cita pacientes que não conseguiam se alimentar por via oral devido a um câncer de esôfago e que passaram por quimioterapia. Ou que sofreram derrame cerebral, um AVC com perda de funções. Nesses casos, a pessoa precisa se alimentar por uma sonda. Antes o procedimento era realizado no centro cirúrgico. Agora é feito por via endoscópica. Faz-se um furinho na barriga, introduz o endoscópio pela boca e coloca-se a sonda.
“Muita coisa se modernizou. Procedimentos que demorariam horas no centro cirúrgico, nós fazemos aqui em 15 minutos. Evitamos ainda que o paciente fique internado, ocupando uma vaga de leito, ter que ser tratado com antibiótico. Isso fez com que a rotatividade do hospital diminuísse e principalmente, possibilitou uma melhor recuperação, porque ele sai do procedimento, fica em observação até a primeira dieta e depois já tem alta. É um ganho enorme em qualidade de vida”, afirmou.
O aposentado Vicente Paulino dos Santos, 67 anos, estava se recuperando de um exame. Morador de Campo Grande, avaliou o setor como muito bem organizado. “Vim fazer endoscopia aqui para prevenção de doenças, um check up como se diz. Estou sendo muito bem atendido e com os outros médicos daqui que já consultei também consegui resolver os problemas de saúde que tinha. O setor está bem arrumado e organizado. O tratamento de saúde aqui no Regional é bom mesmo”, declarou.
Para Agmar Teodoro de Almeida, 48 anos, foi uma surpresa descobrir que um hospital público podia ser tão bem organizado e limpo. “Estou aqui para fazer exames de rotina, para ver o que tem no meu estômago. É a primeira vez que venho aqui no Hospital Regional. Sou daqui de Campo Grande e não imaginava que tinha essa estrutura toda. Bem limpinho, organizado. Parece até que não estou no SUS. A única coisa ruim é o jejum, mas já vou fazer o exame daqui a pouco e ir almoçar. Estou gostando do atendimento”, disse.
O médico gastroendoscopista Jesus Cunha Garcia trabalha no Regional desde a fundação, há 20 anos. Ele explica que hoje o Hospital Regional oferece o mesmo tratamento que os hospitais dos grandes centros podem proporcionar à população.
“No início o HR tinha o apelido carinhoso de postão. Mas com o passar dos anos, houve crescimento exponencial. Hoje é um hospital terciário, de referência dentro de Mato Grosso do Sul, que reúne as melhores condições de produtividade, atendimento, diagnóstico. Trabalho em outros hospitais e em comparação com a rede privada, falando dos hospitais novos da Unimed e Cassems, o nosso Hospital Regional não perde em nada na endoscopia. Ele é 100% SUS, tem equipamento de ponta, com tecnologia de primeiro mundo e profissionais da mais alta competência. O atendimento que oferecemos aqui é o mesmo feito nos grandes centros. Só temos a comemorar nesses 20 anos”, reforçou.
Diana Gaúna – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)
Fotos: Edemir Rodrigues