Hospital atende de pacientes graves a estabilizados e realiza exames de alta complexidade em casos de urgência.
A unidade de Pronto Atendimento (PAM) do Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS) atende cerca de 2,5 mil pacientes vindos dos 79 municípios de MS todos os meses. Apesar de a estrutura ser pensada para realizar o papel de suporte terciário – atender pacientes que não podem ser socorridos nas unidades básicas de saúde (primário) ou unidades de pronto atendimento (secundário) – faz também atendimentos a pacientes em quadro clínicos estáveis, além de ofertar uma gama de especialidades médicas e tratamentos de excelência.
De acordo com a coordenadora administrativa do PAM, Marly Arruda Caxias, atualmente em torno de 75% dos pacientes que chegam são de demanda espontânea. Na maioria dos casos, aqueles que poderiam ser atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). “Muitos alegam que preferem atendimento do HRMS, o que é legal da gente ouvir porque eles sabem que chegando aqui têm a doença resolvida ou direcionada. Outros dizem que não vão ao posto porque lá não resolve, nós aqui temos uma grande equipe de especialidades, com profissionais que dão suporte diário ao PAM, ou ainda que nos procuraram porque desconhecem o fluxo. Nós atendemos porque o PAM é portas abertas, mas o correto seria vir para cá quando realmente precisar de um suporte hospitalar”, explica.
O PAM atende ainda crianças. A maioria delas vinda de bairros vizinhos. Segundo Marly, a procura ocorre porque na região há as unidades de saúde do Aero Rancho, Coophavila, Guanandi, mas nenhuma delas tem pediatras durante o dia. “Aqui são atendidos, medicados e se precisar de especialista também temos”, pontua.
A unidade conta com suporte avançado em muitas especialidades, com serviços de endoscopia, tomografia e cardiologia imediatos em caso de urgência. “Somos um pronto atendimento de urgência e temos vários exames de suporte imediato. Por exemplo, se um paciente da cardiologia entra na área vermelha e o médico faz o diagnóstico que ele está enfartado, esse paciente vai para o cateterismo imediatamente. Hoje, se você for num pronto socorro de hospitais particulares ou convênio, para fazer uma endoscopia de urgência é extremamente difícil e complicado. Já aqui temos o melhor serviço de endoscopia do Estado”, conta a coordenadora.
Dados coletados pela presidência do hospital informam que por mês passam em média 2,5 mil pacientes pelo PAM. Até meados do mês de agosto, o número de consultas e atendimentos já havia ultrapassado a casa dos 20 mil. No quadro de servidores um verdadeiro exército está a postos para levar mais saúde à população de todo Estado. São 27 cirurgiões, 22 pediatras, 53 clínicos, 110 técnicos de enfermagem, 24 enfermeiros, um assistente administrativo, quatro agentes de serviços hospitalares, seis auxiliares de serviços hospitalares, dois agentes de recepção, dois assistentes sociais, três farmacêuticos, seis agentes de farmácia e sete fisioterapeutas, perfazendo um total de 267 profissionais trabalhando em escalas.
O médico Alexandre Frizzo, um dos pioneiros na instalação do HRMS, explica que muitas vezes o PAM fica superlotado quando a demanda excede a capacidade instalada. “Nossa hospital é muito bom, mas a capacidade instalada tem um limite. Há custeio disso, implica em financeiro. O que está acontecendo é que recebemos pacientes acima da capacidade. Por exemplo, somos referência em endoscopia. Então, um paciente que muitas vezes vem para cá para fazer uma CPRE (cirurgia de endoscopia que substitui a cirurgia aberta), cai no pronto socorro. Só que existe um fluxo de atendimento, porque é preciso fazer o preparo dos equipamentos. Então, vindo sem agendamento, o paciente acaba tendo que ir para uma cirurgia aberta quando podia fazer um tratamento melhor. Esse aumento de demanda está muito grande. O HRMS tinha como foco ser uma referência estadual, mas aliado a isso ainda cumpre o papel de postos de saúde e pronto atendimento, atropelando o sistema”, detalha.
Frizzo disse ainda que quando a categoria briga por condições de trabalho, usa por base a capacidade instalada. “A nossa é de 77 vagas. Trabalhamos em média com 110, 130 pacientes. Isso significa que os excedentes estão tendo assistência, mas não estão no lugar adequado. Assim, muitas vezes, ficamos impossibilitados de receber um número maior de pacientes para preservar a qualidade no atendimento e a integridade dos profissionais envolvidos”, afirma.
Áreas de classificação
As áreas de classificação de risco (Protocolo de Manchester) são uma importante ferramenta dentro do serviço do PAM. São elas que determinam a gravidade dos pacientes e quais devem ser atendidos primeiro, conforme a urgência. Marly informa que das cinco existentes – azul, verde, amarelo, laranja e vermelho – a única que não atinge 100% de ocupação é a verde.
“Hoje a sala vermelha acomodaria seis pacientes, com seus respirados, equipamentos, para que cada um tenha a assistência adequada na integridade. Deveria ser isso, mas nós já chegamos a receber 18 nessa área. A amarela que tem 10 leitos, está sempre com 10 pacientes. Ela é uma espécie de ilha, onde o paciente grave do vermelho, que foi atendido e estabilizado, aguarda a vaga de CTI ou se melhorar é transferido para a enfermaria”, relata.
Nas outras áreas, o sistema de classificação segue: “Na verde, o paciente que chega andando e o médico já atendeu, pediu exames, diagnosticou, por exemplo, uma pneumonia, precisa ficar internado para fazer antibiótico, ele fica lá aguardando o leito de enfermaria. Ou então, é um paciente que estava na amarela e melhorou, não precisa mais de monitoramento nem suporte ventilatório, está só tomando medicação: esse também vai para a área verde. Já a azul são os pacientes estáveis, que não precisam de monitoramento, nem ventilação, por isso, acabam ocupando as cadeiras e os corredores. Esses pacientes chegam na maioria por demanda espontânea. A capacidade é de 18, mas já chegamos a ter 63 pacientes. Essa área está sempre lotada”, conta.
Conforme a coordenadora, a demanda de pediatria é a que dá menos trabalho e sempre está dentro da taxa de ocupação dos leitos disponíveis, salvo algumas épocas do ano em que superlota como tempo seco. “A maioria dos nossos pacientes é idoso e os dias mais pesados são segunda e sexta-feira”, revela.
O grande diferencial do atendimento no HRMS, segundo Marly e Frizzo, é que os pacientes saem todos com o egresso PAM e a certeza de ter o problema resolvido. “Por exemplo, o paciente entrou aqui com uma crise de vesícula, muita dor. O cirurgião vai atender e pedir o ultrassom. Ao fazer o protocolo de atendimento, vê que tem muita pedra na vesícula e precisa operar. Não sendo uma cirurgia de urgência, que o paciente esteja correndo risco de morrer, o médico dá alta, mas o paciente sai com o egresso PAM, que é a garantia de ser agendado para uma consulta no ambulatório do HRMS para fazer o pré-operatório e agendar a cirurgia de forma eletiva. Essa é a cereja do bolo. Nossos profissionais não devolvem os pacientes na rede sem a solução do problema. Então, se for urgência aguarda vaga para subir ao centro cirúrgico e se não for o paciente recebe atendimento paliativo e a garantia de resolver o problema”, destaca.
Priscila Correia (foto capa), de 26 anos, estava acompanhando seu avô. Ele veio regulado do pronto atendimento e aguarda uma cirurgia. “Chegou aqui e foi muito bem atendido. Já está fazendo todos os exames que precisa para operar. Essa é a primeira vez que ele vem para o HRMS e estamos gostando muito mesmo. Está tudo marcado, os médicos vêm olhar com frequência. Muito bom o atendimento”.
Nos leitos pediátricos do PAM, Ana Jéssica da Silva Vilhalba, de 24 anos, aguarda mais exames para a filha Sara, de 1 ano. “Fomos no pronto atendimento e lá constataram que ela está com suspeita de infecção no intestino. Viemos para cá, chegamos ontem à noite e está tudo dentro dos conformes. O médico nos atendeu, fui bem recebida e agora estamos aguardando a bateria de exames que ela precisa fazer. Tudo já está agendado e correndo bem”.
Silvia Madeline, de 39 anos, trouxe a tia que está em estado grave, com suspeita de câncer no estômago. “Minha tia passou mal, fomos para uma unidade de pronto atendimento e de lá nos transferiram para cá, há exatamente 10 dias. Está sendo muito bem tratada, desde que chegamos foi tudo certinho. Não temos do que reclamar: tem assistência o tempo todo, nós da família [acompanhantes] sempre estamos liberados para entrar, é só vir no horário certinho. Hospital tem que ter regras e o atendimento aqui está sendo muito bom mesmo”.
Texto e fotos: Diana Gaúna – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)