Entre os tratamentos oferecidos o método canguru tem sido o diferencial na atenção humanizada às pacientes.
A Linha Pediátrica do Hospital Rosa Pedrossian (HRMS) atende mães de todo Mato Grosso do Sul que são encaminhadas por meio do sistema de regulação. Referência em casos de gestação de alto risco, o hospital estende o atendimento ao pós-parto, acolhendo os bebês que por vezes nascem prematuros, com uma linha especial de cuidados humanizados.
A gerente da linha pediátrica do HRMS, Mayara Carolina Cañedo, conta que o hospital atende as gestantes de alto risco, que possuem alguma comorbidade (doenças como diabetes, pressão alta, epilepsia, doenças respiratórias, insuficiência renal, entre outras). Elas recebem acompanhamento no ambulatório e conforme vai chegando o momento do parto, algumas acabam ficando em tratamento clínico na maternidade antes mesmo do bebê nascer. “Se tem alguma patologia, descolamento prematuro de placenta , elas ficam lá até resolver o caso, para o bebê vir ao mundo com segurança”, conta.
Mayara é responsável direta por cuidar dos bebês depois do parto. Ela gerencia cinco setores:
- UTI Neonatal com 10 leitos;
- Unidade de cuidados intermediários Convencional com 20 leitos;
- Unidade de cuidados intermediários Canguru com 05 leitos;
- CTI Pediátrico com 08 leitos;
- Pediatria que possui 30 leitos.
“Todo atendimento está baseado no método canguru, que coloca o bebê mais precocemente em contato com a pele da mãe. Ele se divide em três etapas e começa no ambulatório de alto risco. Se o médico sabe que o bebê vai nascer prematuro, começa a preparar a mãe para o parto antecipado. Nesse momento, já está ocorrendo a humanização e o início do método canguru. Depois no nascimento, mesmo em situação grave, assim que o bebê fica estável, colocamos a mãe em contato para começar a criar o vínculo porque muitas vezes ele fica internado longe dela. Quando o bebezinho vai para a UTI Neonatal tem todo o cuidado da iluminação, do ruído, dos exames, de colocar uma glicose na boquinha porque o movimento de sucção vai relaxando, tudo para poder tranquilizar os pais”, explica.
Segundo Mayara, nessa etapa, a visita dos pais é de livre acesso e com horário estendido para os familiares, das 14h às 20h. O hospital tem programada ainda a visita do irmãozinho que, muitas vezes, não entende porque os pais ficam tanto tempo no hospital e se sente abandonado. Após esse estágio, o bebê já começa a entrar em contato, mesmo que muitas vezes entubado, com a pele da mãe, aumentando o vínculo e até mesmo a produção de leite das mamães.
A segunda etapa da terapia é o alojamento canguru. “Nessa etapa os bebês ficam a maior parte do tempo com a mãe ou o pai. Normalmente com 1,8 kg eles recebem alta e podem ir para casa. Nesse momento inicia a terceira etapa, que é o acompanhamento médico nas consultas ambulatoriais, até atingir 2,5 kg e receber alta total. O menor bebê que tivemos aqui pesava pouco mais de 400 gramas. A equipe toda criou vínculo afetivo com essa criança, de tal forma que até hoje recebemos a visita da mãe e do filho. É muito gratificante poder dar o suporte necessário às famílias que atendemos”, destaca.
De acordo com a gerente Mayara, o tempo médio estimado de permanência dos bebês prematuros em tratamento é de quatro meses. “A pele é mais cartilaginosa, mas nasce com coraçãozinho, pulmãozinho em construção. A gente faz medicação e vamos tratando até que os órgãos se tornem mais funcionais e eles ganhem peso. Temos 72 crianças sempre no hospital porque, dificilmente nossos leitos ficam desocupados. Nosso CTI Pediátrico é misto, atende tanto recém-nascidos quanto crianças. Essa é uma retaguarda que fazemos para o centro obstétrico: se não tem vaga na UTI Neonatal o CTI Pediátirco acolhe essa criança também”.
Bebês e o método canguru
A pedagoga, Cintia Adanir, de 23 anos, mora em Campo Grande e teve seu bebê aos 6 meses e meio. “O tratamento está sendo muito bom. Eu vim para o hospital com perda de líquido. Estou internada desde o dia 13 de outubro. O Gustavo nasceu com 1,840 kg, ficou na UTI, na UIN e agora estamos na unidade canguru. A melhora tem sido significativa, ele fez muitos progressos. O atendimento das enfermeiras, fonoaudióloga, fisioterapeuta, médicos, está realmente fazendo a diferença. Todos são bastante atenciosos”, declara.
Tainá dos Santos Morais, de 23 anos, veio de Paranaíba, após passar mal devido a pressão alta. “Meu bebê nasceu com sete meses e meio. Tenho pressão alta e vim transferida pelo hospital da minha cidade. Cheguei uma hora da manhã e às 8h, como minha pressão não baixava, o médico optou por fazer o parto. Meu bebê nasceu com 2kg e está com uma sondinha porque ainda não adquiriu coordenação de mamar, respirar e engolir ao mesmo tempo. Mas é por pouco tempo. Cheguei aqui dia 26 de outubro e o tratamento de todos está sendo muito reconfortante. Depois que saímos da UTI e viemos para o método canguru melhorou demais porque o bebê fica mais calminho em contato comigo”.
Gleicelene Silva Ferreira, de 18 anos, foi encaminhada ao pronto atendimento com rompimento da placenta. O bebê nasceu de oito meses, com 2,6 kg. “Vim para cá dia 1 de novembro. Meu bebê nasceu com peso bom, então viemos para o método canguru que tem sido muito bom. Cheguei aqui hoje e já estou gostando muito. Só de poder ficar juntinho com ela é outro astral. Meu outro filho também nasceu prematuro, mas não tive esse tipo de atendimento. Estou maravilhada com o atendimento da equipe do Regional”.
Para Flavia de Souza Alves, de 17 anos, que estava recebendo alta no momento da reportagem, o setor vai deixar muitas saudades. “Acabei de receber alta. Todo o tratamento foi muito bom. Era para nascer em dezembro, mas resolveu vir ao mundo um mês antes. Entrei em trabalho de parto e vim para cá com muita dor. Fizeram exames em mim porque comecei a perder líquido. Fiquei 25 dias internada. Fiz um ultrassom e descobrimos que a bolsa já estava muito rompida e a placenta não estava oferecendo nutrientes ao bebe. Aí teve que ser feito o parto. Meu bebê ficou na UIN, viemos para a canguru e antes de ir embora já estou sentindo saudades. Cuidaram muito bem da gente, mas em casa vai ser bom também”.
A médica pediatra e residente em Neonatologia, Loreta de Oliveira Liberatti, explica que o tratamento oferecido pelo HR, em comparação com outros hospitais, preconiza o contato da mãe com o bebê e a humanização das relações. “O atendimento é diferenciado. Aqui se preconiza o binômio mãe-bebê para manter o vínculo. Quanto mais ele for fortalecido, melhor para ambos, inclusive, reduz o tempo de internação. Para nós, profissionais, a experiência é ótima porque participamos dessa parte humanizada, estabelecendo vínculos, que é o forte do tratamento oferecido pelo Hospital Regional”.
Gestação de alto risco
Vera Regina, gerente do setor da gestação de alto risco, reforça que todo estado têm como referência o HRMS. “Se a mãe tem uma comorbidade vem regulada de uma unidade de saúde para cá. Seja para aquela mulher que tem doenças crônicas e quer engravidar ou para aquelas que já estão grávidas. Nós estamos vinculados com as unidades básicas e toda quarta-feira temos a visita das gestantes para conhecer o local onde vão ganhar seus bebês. Nesse momento orientamos sobre o parto, os processos não invasivos como o uso da bola, banho morno, massagem, tudo para ajudar na dilatação. Seguimos todo protocolo da Rede Cegonha. Até mesmo quando o bebezinho nasce, antes de cortar o cordão umbilical ele é colocado em cima do peito da mãe e esperamos parar de pulsar para cortar”, relata.
O médico ginecologista e obstetra, Cesar Toledo, atua no HRMS há 19 anos e conta que o setor evoluiu muito nesse tempo. “Atuo em outros hospitais, mas o atendimento no HRMS é muito bom, não perde em nada para outras unidades. Aqui tratamos de gestação de alto risco. São casos em que temos complicações bem maiores que de uma gravidez convencional. Mas ficamos contentes em poder ajudar a todas as mães que passam por aqui. Nesses 20 anos o HR evoluiu bastante. Todos nós que somos da primeira turma, atendíamos no início lá embaixo, no Pronto Atendimento. Depois de uns anos é que viemos para o segundo andar. Naquela época, ainda estavam desmatando a avenida norte e sul”, brinca.
A paciente Simone de Souza Moura, 35 anos, está na terceira gestação, e faz acompanhamento médico devido a comorbidades. “Tenho pressão alta, asma, arritmia cerebral. A primeira gravidez eu tive meu bebê bem. Na segunda ocorreu um aborto. Agora, meu marido e eu estávamos querendo ter outro filho e conseguimos. O acompanhamento aqui está sendo muito bom, tudo correndo tranquilamente e estou com quadro estabilizado. Ainda estamos com 10 semanas de gestação, estou fazendo vários exames e me sentindo bastante segura”.
Diana Gaúna – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)
Fotos: Edemir Rodrigues