A crise gerada pelo coronavírus trouxe impactos e desafios sem precedentes para o sistema brasileiro de saúde. O aumento crescente de demanda, concentrada em um curto espaço de tempo, sem estimativa de prazo ou de quantidade, tornou o gerenciamento da situação um exercício constante de criação de cenários.
Na esteira desta criatividade que o HRMS, unidade da Secretária de Estado de Saúde, adotou o sistema de Telemedicina para atender pacientes de Covid-19 que estão sendo tratados em casa, e os familiares dos pacientes que estão internados para o monitorar os sintomas e acompanhar a evolução do quadro.
Com a telemedicina conseguimos levar aos pacientes em isolamento as orientações médicas necessárias em casa até o fim do tratamento sem a necessidade de retornar ao hospital” (RLM)
A equipe, composta por 13 médicos de diversas especialidades, é dividida em dois grupos de atuação que trabalham de domingo a domingo. Um grupo fica encarregado de monitorar os pacientes e o outro os familiares. Com a telemedicina é possível atender os pacientes em isolamento e àqueles que já passaram pelo tratamento, mas ainda necessitam de atenção.
O atendimento a distância, além de acompanhar a evolução da Covid-19 contribui para diminuir a curva de contaminação porque evita que essas pessoas se desloquem de suas casas até o hospital, comprometendo o isolamento. “Como a doença é nova há muitas perguntas e dúvidas que acarretam inclusive quadros de ansiedade”, explica a coordenadora do sistema de Telemedicina, Dra. Christina Fleury
“Nossa equipe está preparada para atender os pacientes com Covid-19 desde sua entrada, até sua total recuperação. Os esforços vão além dos muros do Hospital e com a telemedicina conseguimos levar aos pacientes em isolamento e àqueles que já passaram pelo tratamento, mas ainda necessita de atenção, as orientações médicas necessárias em casa, acompanhamento e avaliação continuada até o fim do tratamento sem a necessidade de retornar ao hospital”. Explica a diretora-presidente do HRMS, Dra. Rosana Leite de Melo.
Serviço leva segurança e conforto aos pacientes
Desde o dia 8 de abril, início do trabalho da Telemedicina, até esta última quinta-feira (23/7) 272 pacientes obtiveram alta, sendo 207 casos confirmados e 89 casos ainda continuam sendo monitorados. O grupo de apoio aos familiares de pessoas internadas com covid-19 atendeu 186 ocorrências de alta e atualmente 110 familiares continuam recebendo o atendimento médico telefônico. “Algumas pessoas até nos pedem para que a gente continue telefonando para eles, mesmo depois da alta, tamanha segurança proporcionada pela equipe” conta a doutora Christina.
Além dos pacientes com diagnóstico positivo para o covo coronavírus, mas sem a necessidade de internação, o primeiro grupo também monitora todas as pessoas que passaram pelo HRMS apresentando algum sintoma da doença e aqueles que apresentam quadros mais graves de síndrome gripal. Este acompanhamento é vital, já que a Covid-19 pode evoluir de um dia para o outro.
A importância do rastreamento
“Aqui também salvamos vidas”, diz um dos médicos da equipe, Dr. Virgílio Gonçalves de Souza Júnior. ”Nosso papel é monitorar na busca precoce de casos”. O Médico ainda esclarece que quando um membro da família está infectado, todos que estão na mesma casa correm o risco de contaminação. Por isto é necessário este rastreamento que consiste na busca de informações. As ligações são feitas para todos pacientes e familiares a cada 24 ou 48 horas.
Ainda de segundo o Dr. Virgílio, boa parte da população negligencia a gravidade da doença e não respeita as regras de proteção. “O isolamento é a nossa principal arma na luta contra a Covid-19”, pontua. A preocupação aumenta sobretudo quando os próprios profissionais de saúde já estão adoecendo. “É preciso ter sensibilidade e conscientização”, alerta.
Muitas vezes o paciente só precisa de uma palavra amiga para se sentir bem. É o que afirma outro membro da equipe de Telemedicina, Dr. Leonardo Rodrigues Resende. Mas nem sempre a história que ouvem do outro lado da linha é positiva. “Tem casos tristes de pessoas que estão internadas e não podem se despedir de algum membro da família que morreu; mãe e filha que estão hospitalizadas e só uma delas consegue sobreviver”, conta. Por isto na equipe não é raro médico fazerem, também, papel de psicólogos.
Há casos de famílias inteiras internadas com Covid-19, explica a coordenadora do serviço, Christina Fleury. Nestas situações, a pessoa que está em casa fica muito fragilizada. Preservar o isolamento do paciente que está em casa também não é tarefa fácil. “Alguns não tem como colocar comida na mesa senão saírem para trabalhar”. Relata.
O atendimento feito pela Telemedicina é exclusivo para esclarecer dúvidas e monitorar pacientes e familiares. Os médicos não receitam nenhum medicamento. A função é perceber eventuais sinais de mudança na saúde dessas pessoas. Caso percebam alguma complicação no quadro, o protocolo é enviar o paciente para o pronto atendimento médico, onde deve ser atendido o mais rápido possível.
A crescente demanda pelo serviço de telemedicina levou o HRMS a decisão de recrutar quatro acadêmicos de Medicina para ajudar a equipe. “Aqui só temos hora para entrar e não temos hora para sair. Ninguém vai embora antes de fazer todas as ligações do para todos os cantos de Mato Grosso do Sul.
Theresa Hilcar – Subcom
Contribuição – Rodrigo Ostemberg – Assessoria de Comunicação do HRMS
Foto: Coe-HRMS