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Alvos de discussões sobre vacinação, sete crianças foram a óbito por covid-19 no Hospital Regional.
Campo Grande (MS) – Desde o início da pandemia crianças sofrem também com a covid-19. Só no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), referência no enfrentamento ao novo coronavírus, 166 crianças de 0 a 11 anos foram internadas por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), sendo que 62 testaram positivo para covid, e lamentavelmente, sete foram a óbito.
Houve muitas incertezas e fatores desconhecidos sobre a doença. No começo da pandemia se pensava que as crianças pudessem ser menos infectadas e menos contagiosas, e com a alta taxa de letalidade entre os idosos, os estudos certamente foram direcionados para o público mais crítico. O renomado médico pediatra, Dr Alberto Cubel Brull Jr.*, relata que várias hipóteses foram formuladas, e ainda não há comprovações cientificas do porquê as crianças têm menos sintomas ou são assintomáticas: “O que sabemos, com certeza, e que os estudos revelam, é que crianças de 5 a 11 anos, que tiveram contato com a covid-19, tem taxa de alteração no soro iguais ou superiores a de adolescentes ou adultos”.
“Olha a importância da vacinação: o imunizante vai impedir que nossas crianças sejam transmissoras do vírus” Dr. Alberto Cubel
Quanto a nova variante, Ômicron, Dr. Cubel destaca: “Olha a importância da vacinação: o imunizante vai impedir que nossas crianças sejam transmissoras do vírus. Ela é altamente contagiosa, e do mesmo modo que age no organismo dos adultos, vai agir em crianças, que serão igualmente infectadas com a Ômicron, isso fortalece ainda mais a tese da vacinação em crianças”. A vacina da Pfizer, de acordo com o médico pediatra, é altamente eficaz. “Existe inúmeras evidências de segurança, imunogenicidade, eficácia e efetividade. Todos os estudos de fases dois e três demonstram que ela é uma vacina extremamente importante, que vai realmente impedir que crianças tenham essa infecção, além de complicações graves que os menores apresentam pós-covid e que a vacina vai proteger. Todos os estudos, seja americano ou europeu, mostram que a vacina é supersegura na faixa etária de 5 a 11 anos, tanto quanto a vacinação em adultos. Os riscos de complicação de doenças, de um modo geral, são bem menores. Quando a criança é vacinada, cai sobremaneira a taxa de letalidade, mas elas são tão vulneráveis quantos os adultos, não tenham dúvidas”, esclarece Dr. Cubel Jr.
Nos dias atuais, após 21 meses de pandemia, e longe de um final, as crianças são alvos de discussões sobre a doença e principalmente sobre a vacinação. Dr. Cubel destaca ainda, o papel das crianças transmissibilidade da doença. “Vale lembrar que as crianças têm papel de vetor na transmissão da doença, pois mesmo com poucos sintomas ou assintomáticas, elas levam a doença para casa e transmite aos familiares sem saber. Daí a importância da vacinação: Elas são fonte de transmissão e ficam doentes; pois criança pega covid, sim. Nós tivemos inúmeros casos de crianças e adolescentes hospitalizados no HRMS, inclusive com óbitos, e isso é muito preocupante”, frisa o médico pediatra.
Quando se fala em vacinação, deve-se lembrar que o Brasil sempre foi elogiado mundialmente por seu Programa Nacional de Imunizações, e com ele, o Governo Federal realizou inúmeras campanhas de vacinação bem-sucedidas. Considerada uma das mais eficazes, a campanha brasileira contra a poliomielite chegou a vacinar mais de 10 milhões de crianças em um único dia. O Brasil com todo seu Know how em campanhas de vacinação bem-sucedidas, aprimoradas, planejadas e organizadas ao longo dos anos, deveria estar na vanguarda da proteção contra o novo coronavírus.
Com a chegada dos imunizantes nos estados, especialmente em Mato Grosso do Sul, se espera que a vacinação das crianças, possa dar tranquilidade na volta as aulas. O secretário de saúde, Geraldo Resende destaca a importância da vacinação de crianças. “Neste momento abrupto da doença, a vacinação de crianças é uma medida necessária. Principalmente na iminência do retorno as aulas. As vacinas já mostraram a sua eficácia contra a doença”, define o secretário.
A assessora técnica da presidência, Dra. Marielle Alves Correa Esgalha, informa que os números pós-vacinação diminuíram as internações por covid em crianças. “Durante a pandemia, cerca de 37% das crianças internadas no HRMS positivaram para a doença. Agora, no início do ano, somente 6,5% das crianças com quadros respiratórios tiveram diagnóstico confirmado. Esses dados revelam que a imunização do público adulto refletiu na queda dos casos em crianças, que ficam mais protegidas em casa. Quando a família se imuniza deixa o ambiente menos propenso a infecção”, destaca.
*Dr. Alberto Cubel Brull Jr. é médico especialista em pediatria; coordenador do Conselho de Residência Médica (Coreme), da Residência Médica em Pediatria Hospital Cassems e da linha materno-infantil do HRMS; membro da Câmara Técnica de Pediatria do Conselho Federal de Medicina (CFM); Conselheiro e Corregedor do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS).