Em 21 de agosto de 1997, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul abria suas portas para realizar os primeiros atendimentos após três anos de entrega da obra do prédio localizado no quadrilátero das avenidas Gunter Hans, Vereador Thyrson de Almeida, Arquiteto Vila Nova Artigas e Engenheiro Luthero Lopes, no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande.
O prédio de oito andares idealizado pelo ex-governador Pedro Pedrossian (in memoriam) e projetado pelo renomado arquiteto Celso Costa (in memoriam) já chamava a atenção de quem passava pela região. Apesar da grandeza da obra, a unidade hospitalar iniciou suas atividades pouco a pouco, começando como uma espécie de “postão”, como era chamado na época. Apenas a área onde hoje é o PAM (Pronto Atendimento Médico), funcionava.
Os primeiros trabalhadores começaram a chegar por meio de contratos de trabalho, a famosa “CLT”. Eram aproximadamente 60 funcionários entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, serviço social e equipe administrativa. A gerente de apoio institucional, Terezinha Maria Machado Gava Boin, chegou para trabalhar no dia 18 de agosto de 1997, três dias antes da inauguração.
“Chegamos limpando tudo. Desembalamos macas, mesas, cadeiras. Montamos consultórios e as enfermarias. Deixamos tudo pronto para o dia da inauguração, que foi em uma segunda-feira. Na época a estrutura era bem pequena e, por isso, o pessoal chamava de postão”, afirmou a servidora que atuou prontamente na ativação de importantes serviços como a recepção central, internação e projetou a implantação do Cartão SUS e humanização no hospital.
O diretor clínico do HRMS, dr Alexandre Frizzo, foi um dos primeiros médicos a atuarem. Presenciou o primeiro dia de atendimento que contou com uma solenidade de inauguração com a presença do então Ministro da Saúde, Carlos César Silva de Albuquerque, o ex-governador Wilson Barbosa Martins (in memoriam), além de autoridades locais da época e a população.
Dr Frizzo recorda que o atendimento foi iniciado por força de uma decisão judicial, em decorrência da desassistência de pacientes de Campo Grande e região em decorrência de greves nos dois maiores hospitais da época, a Santa Casa de Campo Grande e o Hospital Universitário.
No início a gestão foi compartilhada com o HU, pois o HRMS ainda não possuía credenciamento para operar. “Inicialmente não tínhamos credenciamento para funcionar e os atendimentos eram feitos em nome do HU, que também fornecida subsídios como lavanderia e esterilização de equipamentos e suporte para os procedimentos cirúrgicos”, disse o veterano.
As primeiras especialidades oferecidas para a população foram pediatria, ginecologia e obstetrícia, cirurgia geral e clínica médica. “Na época montamos a escala de serviços com essas quatro especialidades e era uma consulta como se fosse um posto de saúde, não tinha internação de pacientes”, completou.
Gilson Leme de Paula, que entrou no hospital como maqueiro, profissional que transporta pacientes dentro da unidade hospitalar, conta que os primeiros pacientes chegavam por demanda espontânea.
“Entrei como maqueiro. Pegava os pacientes que vinham chegando, não tinha regulação naquela época. Era ‘porta aberta’. Quem me ajudava com os pacientes eram dois porteiros e o motorista da ambulância”, disse.
PRIMEIRO CONCURSO
Joarez Barroso Pires, estava concluindo o curso de auxiliar de enfermagem quando foi chamado para trabalhar no HRMS, inicialmente como contratado. O servidor lembra da necessidade da população que, na época, estava carente de atendimento médico. “A população estava muito carente de hospitais e vinha tentar resolver seus problemas. Hoje o hospital está bem estruturado e me orgulho muito de ter sido um dos primeiros funcionários do hospital”, disse o colaborador que, posteriormente, foi aprovado no primeiro concurso público do HRMS realizado em 1998.
A servidora Marbel Angelina Cássia de Souza, também entrou como contratada e depois aprovada em concurso público. A técnica de laboratório lembra que sempre que passava na frente do hospital, cravava: “um dia vou trabalhar aqui”. “Cheguei aqui como recepcionista e hoje atuo como técnica de laboratório. Esse hospital é minha vida. Com ele pude criar meus filhos e sustentar minha família”, disparou.
A auxiliar de enfermagem e instrumentadora, Felisma Barros de Almeida Oliveira, também trabalha no HRMS desde o primeiro concurso e ressalta o amor à profissão. “Hoje a instrumentação é uma esfera de conhecimento mais vasta, que abrange os fundamentos anatômicos e fisiológicos até a compreensão psicológica do paciente. A sua mente estará na frente das mãos e na execução dos tempos cirúrgicos. Com qualquer função, deve-se ter amor a profissão”, dispara.
AVANÇO
O antigo “postão” foi dando lugar ao complexo de saúde dos dias atuais, pouco a pouco, com a ativação dos andares. O quarto andar do prédio foi o primeiro a ser ativado abrigando a enfermaria para a internação dos pacientes. Posteriormente, o segundo andar foi adaptado para atendimento de gestantes e o Centro Cirúrgico e assim a unidade hospitalar foi sendo estruturada.
Desde a sua inauguração, vem sendo equipado com os mais modernos aparelhos existentes no mercado e, neste período, foram admitidos profissionais altamente qualificados atendimento em 45 especialidades médicas, fisioterapia, psicologia, nutrição e os demais recursos humanos necessários ao bom funcionamento de uma unidade hospitalar de média e alta complexidade. O hospital contribui também com o ensino, capacitando profissionais de saúde através dos programas de residência e estágios.
Atualmente, o HRMS conta com mais de 2 mil colaboradores realiza uma média mensal de 100 mil atendimentos ambulatoriais e hospitalares, possuindo capacidade instalada de 377 leitos, atendendo 100% SUS.
“A história do HRMS reflete a luta por melhorias para o serviço oferecido à população. O relato dos servidores que se dedicaram e se dedicam até hoje para o pleno funcionamento deste hospital mostra o compromisso que temos em entregar o nosso melhor. Sabemos que temos muitos desafios pela frente, mas seguimos trabalhando para melhorar a infraestrutura com obras em pleno andamento, realização de novos concursos públicos, contratação de profissionais qualificados e valorização dos servidores”, concluiu a Dra. Marielle Alves Corrêa Esgalha, diretora-presidente da Fundação Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul, autarquia responsável pela administração do HRMS.
Joilson Francelino, Comunicação FUNSAU/HRMS