A nefrologia é oferecida na instituição desde 2004 e atualmente atende uma média de 700 sessões dialíticas por mês.
Campo Grande (MS) – O serviço que trata a linha renal (rins) dentro do Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS) é a área de nefrologia. Por meio dela são oferecidas sessões dialíticas – hemodiálise e diálise peritoneal domiciliar – e ambulatório. Desde 2004 a nefrologia é oferecida na instituição que atualmente atende 45 pacientes crônicos e agudos.
Conforme a gerente do serviço de nefrologia, enfermeira Regina Terra, 40 anos, o objetivo da diálise é substituir a função do rim que por algum motivo não está sendo realizada. Para chegar nesse ponto, o rim está funcionando apenas 10% a 15%, situação esta, incompatível com a vida. Então, é necessário a utilização de outros métodos de substituição dessa função renal, que pode ser hemodiálise, quando filtra o sangue através de um filtro dialisador e devolve para o paciente ou a diálise peritonial, que é de forma indireta, através de uma membrana que reveste os órgãos abdominais, chamada peritônio. Ambas filtram o sangue das impurezas produzidas pelo metabolismo”.
O serviço de atendimento domiciliar da nefrologia é próprio. Por meio dele é oferecida a diálise peritoneal. O paciente inserido recebe um treinamento para ele e a família. Mesmo assim tem consulta uma vez por mês, bem como coleta de exame para acompanhar a qualidade e evolução do tratamento, além de uma visita domiciliar , realizada pelo enfermeiro nefrologista, que checa como está o material, a técnica aplicada, dúvidas, ou mesmo se apresentou algum problema após a consulta. Em caso de necessidade, o profissional encaminha o paciente domiciliar para o hospital.
“Essa ação é importante porque o paciente desvincula da sensação e doença. O paciente da hemodiálise tem que vir três vezes por semana para tratamento com hora reservada. Sempre convive com pacientes graves , por sermos uma instituição hospitalar, e muitas vezes fica com a sensação de sempre estar doente. Quando ele faz a diálise em domicilio e vem na consulta somente uma vez por mês, notamos que ele fica melhor”, pondera a gerente.
Por ser uma instituição hospitalar, o HRMS trata mais pacientes agudos. “Esses pacientes agudos são aqueles que não tem lesão crônica no rim, mas por algum motivo foi comprometido, seja por uma infecção, ou uma cardiopatia descompensada, uma litíase. Esse realiza o tratamento dialítico até que a causa do comprometimento seja solucionada e a função renal consequentemente recuperada”, explica.
É aquele que está com problema que precisa ser solucionado e, enquanto, isso está em tratamento, ou seja, está com problema renal, precisa dialisar, mas tem a possibilidade de recuperar”, explica.
No caso do tratamento dos pacientes crônicos , a equipe procura dar os primeiros atendimentos e, na medida do possível, transferir para uma clínica satélite. “Por conta do perfil dos nossos pacientes que são graves e por termos necessidades de ter vagas disponíveis para novas entradas, além de desvincular esse paciente que tem condições de ter uma vida mais ativa com condições de estudar, trabalhar. Os nossos pacientes são acamados, mais prostrados e necessitam de mais cuidados. Um paciente de clinica é diferente: é ativo, trabalha, estuda, viaja. Então, não tem lógica manter um paciente desse aqui no hospital”, relata.
Diálises
Os pacientes que necessitam de diálise fazem tratamentos diferenciados. Os da hemodiálise tem que vir ao hospital, pelo menos, três vezes por semana por quatro horas. Os da diálise peritonial domiciliar precisam fazer todos os dias, durante nove horas. “É mais puxado, mas nós trabalhamos com tecnologia e o equipamento funciona enquanto o paciente está dormindo”, conta.
“Um dos nosso objetivos principais, relacionados à diálise é desmistificar que a necessidade dela representa o fim da vida. Há muito pacientes jovens e ativos que realizam o tratamento, inclusive pacientes que estão em diálise há mais de 20 anos. Então é preciso que a população saiba que ao receber um diagnóstico que tem de dialisar , não é o mesmo que uma doença terminal, sem solução. Será preciso adaptações, mas grande parte dos pacientes mantém uma vida ativa e com qualidade”, reforça.
Entre as doenças que podem levar ao mal funcionamento dos rins estão diabetes, hipertensão, grandes queimados, infecções, mulheres com infecção urinaria de repetição, litíase, drogas nefrotóxicas (remédios errados), entre outros.
A médica nefrologista, Thais Maria Vendas Botero, destaca que a nefrologia no Regional é 100% SUS (Sistema Único de Saúde). “Temos residência médica com duas vagas por ano. Já formamos residentes que estão no mercado de trabalho. Atendemos hemodiálise, plantão interconsulta, pacientes internados para nefrologia, ambulatório. Nosso serviço é grande e atende muita gente. Em média temos cerca de 35 pacientes internados por dia”.
De acordo com Thais, a principal causa da doença renal é a diabetes. “A doença renal crônica já é considerada uma epidemia mundial. Uma quantidade muito grande de pessoas estão em tratamento. No Brasil deve ter em torno de 100 mil pacientes fazendo hemodiálise, menos de 10% recebem transplantes por ano, que são de cinco a seis mil por ano no País. É verdade que muitos pacientes não têm condições de transplantar porque tem outras patologias (doenças), mas dos que têm, assim mesmo, o número ainda é pequeno. Primeiro, por falta de doador e depois pela ausência de equipes”, explica.
O paciente da hemodiálise José Lúcio Teixeira, de 82 anos, afirma que já se sente da família no HRMS. “São seis anos de tratamento e venho três vezes por semana aqui. Tenho minha caminha, o pessoal cuida bem de mim, as enfermeiras, os médicos, se eu não chego no horário eles me controlam e me põe na linha. O pessoal fala mal do Hospital por ai porque não conhecem, mas para mim eles são da minha família. Aqui eu me sinto em casa”, diz.
Já Marcio Gregório da Silva, 67 anos, faz hemodiálise há quatro no HRMS. “Todo mundo aqui me cuida muito bem. Para falar bem a verdade devo minha vida aos cuidados deles. O tratamento é difícil, mas tem que fazer, né? Só tenho elogios para o pessoal daqui”, finaliza.
Texto e fotos: Diana Gaúna – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)